terça-feira, 19 de agosto de 2008

Capoeira

A Origem

A origem da capoeira é muito discutida, pois não há documentários históricos suficientes. Durante o governo do presidente Deodoro da Fonseca, o então ministro da fazenda, Rui Barbosa, determinou que se queimasse toda documentação referente à escravidão no Brasil e poucos documentos escaparam à incineração de 1890.

A História

A Capoeira está diretamente ligada à história do Brasil, sabe-se que por volta de 1538 foram trazidos para a Bahia os primeiros escravos africanos, a maior parte vinda de Angola, Benguela e Luanda, trazidos nos porões dos “navios negreiros”, durante a viajem os doentes e mortos eram jogados no mar, quando aqui chegavam ficavam nas senzalas e eram obrigados a trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar.

Assim como os negros, as tribos nativas (os índios) foram em sua grande maioria dizimadas e as poucas que restaram foram escravizadas. Escutou-se falar de capoeira pela primeira vez durante a invasão holandesa em 1624 e aproveitando-se da confusão gerada os negros e índios fugiram para as matas. Os negros criaram os quilombos, que foram comunidades organizadas por negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Se organizavam em pequenas tribos chamadas mocambos e possuíam uma hierarquia. O quilombo mais famoso foi o dos Palmares, cujo líder foi o Rei Ganga-Zumbi, guerreiro e estrategista.

Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da capoeira, a Capoeira Tradicional. Desenvolvida para ser uma defesa, ela foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecesse uma dança.

Maltas de Capoeira

A partir do século XIX os capoeiras se organizaram em grupos, denominados Maltas de capoeira. A capoeira tornou-se uma febre social e cultural, tomando conta de centros urbanos como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. As maltas de capoeiristas inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro, se tornando um incomodo para os vice-reis. Na Bahia as maltas foram desorganizadas devido à guerra do Paraguai, o governo recrutou a força dos capoeiristas, que se fez seguir para o sul como voluntários da pátria, muitos deles se distinguiram com atos de bravura no campo de batalha, consta que a guarda pessoal de José do Patrocínio e do imperador D. Pedro I, era formada por capoeiristas, mas este prestigio começou a cair com as leis abolicionistas, uma massa de pessoas procuravam empregos inexistentes e a extinção da capoeira tornou-se palavra de ordem.

A Proibição da Capoeira

As maltas converteram-se em poderosos grupos de proteção a negócios excusos. Marechal Deodoro da Fonseca instaura o decreto de lei 487 e a partir do dia 11 de outubro de 1890, todo capoeirista pego em flagrante seria desterrado para a ilha de Fernando de Noronha, por um período de seis meses. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira, a capoeira Regional criada então pelo saudoso Mestre Bimba, foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas.

Mestre Pastinha

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, ou Mestre Pastinha, começou a aprender capoeira aos 8 anos de idade com o africano Mestre Benedito. Serviu a Marinha e, em 1910, tornou-se professor de capoeira. Ao longo dos anos, foi organizando a arte do jogo, fundou sua própria escola, em 1941, estabeleceu um método de ensino com base em antigas tradições trazidas por africanos escravizados e escreveu o livro "Capoeira Angola". Mas não foi reconhecido como educador e incentivador da cultura afro-brasileira e chegou à velhice em descaso e pobreza. Mestre Pastinha é o maior nome da capoeira de angola é considerado o mestre dos mestres. “O Capoeirista é um curioso, tem mentalidade para muita coisa, sabendo aproveitar de tudo o que o ambiente lhe pode proporcionar. E a Capoeira Angola só pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar os gestos livres e próprios de cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles há toda a sabedoria que aprendi. Cada um é cada um.” (Mestre Pastinha)

Mestre Bimba

Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) filho de Luiz Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim, nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador - Bahia em 23 de novembro de 1900. Começou a praticar capoeira aos 12 anos de idade na estrada das Boiadas, hoje o Bairro Negro da Liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação Baiana. Começou a ensinar capoeira aos 18 anos de idade no Bairro onde nasceu no "Clube União em Apuros". Inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um grande lutador, considerado até um campeão) e acrescentando sua própria criatividade, introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz. Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou Capoeira Regional Baiana por ser esta praticada única e exclusivamente em Salvador. Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, deixou a Bahia, sob acusação de que os "Poderes Públicos" jamais haviam o ajudado. Faleceu em Fevereiro de 1974 em Goiânia, vítima de um derrame cerebral.

Capoeira hoje em dia

Hoje a capoeira é um esporte respeitado, devido à dedicação de muitos mestres que lutaram em prol do desenvolvimento desta cultura tão rica, mas a capoeira já não é exclusividade dos brasileiros, diversos grupos de capoeira se formaram e a difundem por todo o mundo, a cada ano milhares de pessoas iniciam seus passos, e uma vez que começam dificilmente param.

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